PRESSA
Ao final de um simpósio da área da saúde, onde muito se falou de meditação, observei a pressa das muitas pessoas que já saiam durante as falas de encerramento do evento. Algo que até seria normal se não fosse o tema discutido por dias. Neste momento uma palavra me veio mente: pressa.
Da onde vem a pressa? Esta palavra que permeia tudo o que conhecemos como parte do desenvolvimento da civilização moderna. De aparelhos domésticos a computadores tudo tem que servir à nossa pressa.
Apesar nós justificarmos a pressa pelos inúmeros afazeres e obrigações, no fundo, a pressa tem a ver com resultado. Fazemos muitas coisas porque buscamos muitos resultados, e ansiamos por ver estes rapidamente, as coisas feitas e, de preferência, do nosso jeito e conforme as nossas expectativas.
Porém, o fato é que o resultado sendo bom ou ruim, quanto mais rápido conseguimos as coisas, mais rápido buscamos um novo resultado. Com o agravante que se conseguimos tudo o que queremos ficará cada vez mais difícil de nos contentarmos com algo. E se raramente conseguirmos o que queremos iremos ficar tristes, frustrados, detonaremos nossa autoestima e desistiremis de tentar.
Tanto de um lado quanto do outro a foto final não é muito bonita.
E assim, voltamos para a nossa amiga pressa. Se conseguíssemos dar mais valor ao processo do que aos objetivos, fosse qual fosse o resultado ele teria valido a pena. Teríamos tido tempo para observar e saborear cada etapa fazendo o todo prazeroso e o final teria menos relevância.
Claro, que se alguém vai cozinhar, espera que a comida fique boa. Entretanto se a pessoa fez tudo com calma, curtindo o ato de preparar os alimentos, mesmo que algo saia errado ela será capaz de entender aonde o problema aconteceu. Estará tão presente que será capaz de transformar criativamente o erro em outra coisa e será mais difícil repeti-lo numa próxima vez. Sem calma, tranquilidade e presença, muitas vezes o aprendizado se perde.
E a beleza está nisso, em estar atento, presente, apreciando. Porque o resultado em si é vazio. Tão vazio que representa apenas a morte de algo para o início de outra coisa.
A busca por resultados é o pano de fundo para um aprendizado de como lidamos com o processo criativo, com o sucesso ou o fracasso. E estamos falhando nestas lições, apenas aumentando a nossa ansiedade, cobiça e egoísmo.
Estamos vivendo num ciclo vicioso que gira cada vez mais rápido e a única saída é começarmos a diminuir a pressa, se não quisermos ser jogados violentamente para fora da roda.
“Vou andar com calma que sem alma não se vai ao longe.” Guga Sabatiê
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